Um dia de chuva. Um dia que poderia ser um outro qualquer, se não tivesse saído naquela chuva pra buscá-la.
Muita chuva. Um ônibus, singelo ônibus vindo, e eu na ansiedade, sabendo que dele desceria a única pessoa que me faria feliz naquele dia chuvoso.
E ela veio, me cegando. Chegou chegando, se é que posso dizer. Esperava demais de mim, como todas as outras pessoas. Só que eu não sou a pessoa certa pra se esperar. Eu sou devagar, eu emperro, eu atraso tudo. Eu não tenho atitude, eu sou um nada. E ela, esperava que eu não fosse assim, ela esperava muito de mim. Sempre esperou.
E o dia foi bom. Comemos, bebemos, nos divertimos. Dançamos bastante, e ela esperando de mim. Essa espera, me deixa nervoso.
E no meio de tanta chuva, um clima sempre rola. Mas não comigo. Uma guerra de almofadas, uma xícara quebrada, uma almofada na chuva, e ela esperando de mim. O que eu faço, o que eu devo fazer pra agradá-la? Eu não quero perde-la, mas eu tenho medo, muito medo.
E o dia foi passando, mesmo que eu estivesse nervoso, e ela continuasse esperando muito de mim, assim como os outros que nos viam, as horas passaram rápido. Rápido até demais, eu diria, porque no meio de tanta chuva e tantos olhares que diziam tanta coisa, o relógio correu e logo chegou a hora do adeus. Aquela hora que acima de tudo, vem o sentimento de desanimo, de saber que eu poderia ter feito tudo, e não fiz absolutamente nada. Nada do que ela esperava, nada do que ela desejava. Nada do que eu queria ter feito, e mesmo querendo não tive iniciativa.
E o ônibus logo passaria, se ela perdesse esse ônibus com certeza geraria um caos, totalmente desnecessário. Então, com um grande pesar, eu fui levá-la ao portão, com um guarda-chuva que nos impedia de sermos completamenta enxarcados.
A sorte, é que a parada do ônibus é exatamente na frente da minha casa, o que possibilitou ficar com ela, e esperar com mais tranquilidade. E no portão, com a chuva vindo em nossa direção, já que um guarda-chuva não era suficiente, ela me fez a pergunta que balançou-me todo, no final daquele dia de esperas.
"Por que tu és assim?"
Por que eu era assim? Eu não sei responder. Eu não me entendo, eu não sei nada de mim mesmo, só que isso não poderia afetá-la. Ela não tinha culpa disso, ela só queria ser feliz comigo, o que ela já achava ser impossível. E eu não soube responder essa pergunta. Minha única saída pra não decepcioná-la? Um beijo, o beijo que ela tanto esperava de mim.
Infelizmente esse beijo veio um tanto quanto tarde, e logo o ônibus dela passava. Só que esse beijo veio em hora certa também. Na hora de me libertar, e fazer com que nos encontrássemos outras vezes, mesmo que escassas vezes.
E aquele beijo, ah aquele beijo.. Ficou marcado em minha memória, lembro-me como se fosse ontem. Foi o melhor beijo de minha vida. AQUELE beijo, que marca a vida inteira. E mesmo tendo durado pouco a nossa história que começou ai, ela foi inesquecível. Ela a história, ela a garota. Te amo! s2